quinta-feira, 24 de abril de 2008

CARTA ABERTA AO OLHAR PÚBLICO

ESTAMOS TODOS DE NARIZ REDONDO

Quando me deparei com três grandes placas na Pça. Marcílio Dias (ou Paissandu) em início do mês de novembro, anunciando que seria feita uma “reurbaRnização” daquele círculo (que está fazendo papel de um verdadeiro circo), sem leitura mais apurada das informações ali contidas em placas inclusive do Governo Federal, imaginei logo que aquele rápido e espalhafatoso movimento de muitos homens e máquinas, que arrancaram, sem dó, todas as azaléias em plena e exuberante florada, tinha o objetivo de terminar a “reurbaRnização” (erro corrigido após crítica num jornal) antes do Natal, é claro, até para a ostentação da linda e já tradicional árvore iluminada 2007 que ali ganhou seu definitivo lugar.

Porém, lendo melhor as grandes placas de propaganda, constatei que o início era o de 05/11/07 para um término em 03/04/2008, com um custo de R$ 297.247,01 (sim, um final de um centavo. Isso é que é cálculo preciso e empresa competente, concluí.

Como a velhinha de Taubaté (aquela que na época da revolução era a única no Brasil a acreditar no governo), viajei nos versos do grande poeta J.G.de Araújo Jorge, que usou Friburgo como “uma parada a caminho do céu” e imaginei: baseado no tempo da obra e no seu matemático custo (com precisão cirúrgica de R$ 0,01), agora sim; o problema estaria resolvido com uma arquitetura turística da mais alta relevância para nossa cidade que, além de Suíça Brasileira e de uma parada a caminho do céu, poderia ostentar o título de “Cidade Matrimônio”.

E por que, Cidade Matrimônio ?

Pelo que continuei imaginando (considerando tempo e custo), iriam levantar a praça redonda como um circo, sobre pilotis, com um elevador panorâmico ao centro, liberando o trânsito por baixo e fazendo o registro nacional de ser a única cidade que tendo um “Véu da Noiva” na saída, agora teria um “BOLO DA NOIVA” na entrada.

De início, a obra foi logo interditada por falta de registro e adequação na segurança de seus empregados, algo inexplicável e muito primário para uma empresa que se propõe a realizar empreitada de quase 300 mil reais numa cidade com tantas necessidades básicas.

Entretanto o que se vê é mais uma obra para maquiar o cidadão, colocando-lhe nariz vermelho e redondo como a praça, numa explícita demonstração de descaso com o dinheiro público, com visual diário dos friurguenses que aos milhares, passam por ali (eu, todos os dias), com a saúde pública e com a tolerância já conhecida de um povo que nunca experimentou um “panelaço”. Nem sequer uma faixa de protesto de alguma liderança política!

Por que, pelo menos, não fizeram ali um triângulo que aliviaria o trânsito do martírio diário no local, sempre congestionado ?

Agora que já entramos para o final do mês da conclusão (abril), vejo, com tristeza, que nem bolo, nem elevador, nem solução para o trânsito, nem árvores novas, nem as azaléias floridas de volta, nada, nada, a não ser uma sangria a mais de quase 300 mil reais (isso se não houve suplemento de verba – o que caberá ás autoridades do ramo, verificarem) para uma empresa que nada tem a ver com nossa cidade e, ao final, irá colocar de sopetão, bloquetes no piso, jogar placas de grama sobre a terra revolvida (coisa que dez garis fariam no mesmo prazo), deixar também redondo, como a praça e nosso nariz, o coreto, aumentar em 3 ou 4 metros o elevado do busto de Marcílio Dias, e, após Natal, carnaval, semana santa e todos os fins de semana do período das “obras”, manter a Praça numa verdadeira bagunça, cheia de entulhos, ou seja, ao invés do meu imaginado “Bolo de Noiva”, um lixo visual, lamentável e para envergonhar todos os friburguenses que já receberam um “primeiro de abril” e, provavelmente receberão um primeiro de maio.

É ou não é motivo para refletir e ter mais responsabilidade com o voto? As eleições já estão aí. Os candidatos candidamente nos lembrando seus nomes e suas fotos sorridentes. Vamos mudar ou simplesmente acostumar com o molde de mais um NARIZ DE PALHAÇO?

José Manoel Ferreira Barboza, advogado, leitor do jornal

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