quinta-feira, 27 de março de 2008

CINEMA DE FRIBURGO É PROIBIDO DE PROIBIR

Tentativa de impedir que clientes entrem com produtos de outras lojas causou polêmica na cidade

Um cartaz pregado na porta do cinema de Nova Friburgo levantou polêmica entre comerciantes e consumidores. O pequeno aviso que proíbe a entrada de produtos de outras bombo­nieres no estabelecimento ganhou proporções que ultrapassaram as salas de exibição de filmes e foram parar na boca do povo.

A música do tro­picalista Caetano Veloso já pregava, há 40 anos atrás, a máxima “é proibido proibir”. Porém, o gerente do Cineshow de Nova Friburgo se defende. “Ninguém gosta de limitar ou fazer proibições. Mas, neste caso, o que está em jogo é a própria segurança do nosso cliente. Alguns entram com latas de refrigerante nas salas e há o perigo dessas mercadorias serem lan­çadas contra outras pessoas. Isso pode acarretar em um acidente grave. Além desse fato, tomamos a precaução de não vender na nossa bomboniere produtos que possam afetar a higiene da casa ou ameaçar a segurança do cliente”, garante Edson Palomo.

Concorrência reclama

A proprietária da bomboniere vizinha ao cinema, Edevanir Silva, deu entrada no Ministério Público contra a medida do Cineshow. “Eu estou aqui há dez anos e isso nunca aconteceu. Minhas vendas caíram 30% em relação ao ano passado. Eu tenho dito a meus clientes para não temerem o aviso e comprarem, pois a proibição é ilegal. Tenho receio de acabar tendo que fechar minha loja”, lamenta a comerciante.

O Ministério Público já enviou dois ofícios ao Cineshow recomendando que a proibição seja retirada e mantida a liberdade do cliente de comprar e consumir o que quiser e onde desejar. A decisão, segundo o gerente do cinema, está sendo cumprida, mas será revista. “Nós acatamos o que nos orientou o Ministério Público e não estamos proibindo a entrada de outros produtos, a não ser aqueles que ameacem a segurança do cliente. Mas continuamos a pensar que isso prejudica a higiene da casa e causa transtornos ao consumidor”.

Fã de cinema, Cláu­dia Vasconcellos, que esperava pela sessão segurando um pacote de pipocas comprado na bomboniere do Cine­show, ponderou: “Acho que há espaço para todo mundo. A livre concorrência é saudável e faz bem ao comércio”.

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