Tentativa de impedir que clientes entrem com produtos de outras lojas causou polêmica na cidade
Um cartaz pregado na porta do cinema de Nova Friburgo levantou polêmica entre comerciantes e consumidores. O pequeno aviso que proíbe a entrada de produtos de outras bombonieres no estabelecimento ganhou proporções que ultrapassaram as salas de exibição de filmes e foram parar na boca do povo.
A música do tropicalista Caetano Veloso já pregava, há 40 anos atrás, a máxima “é proibido proibir”. Porém, o gerente do Cineshow de Nova Friburgo se defende. “Ninguém gosta de limitar ou fazer proibições. Mas, neste caso, o que está em jogo é a própria segurança do nosso cliente. Alguns entram com latas de refrigerante nas salas e há o perigo dessas mercadorias serem lançadas contra outras pessoas. Isso pode acarretar em um acidente grave. Além desse fato, tomamos a precaução de não vender na nossa bomboniere produtos que possam afetar a higiene da casa ou ameaçar a segurança do cliente”, garante Edson Palomo.
Concorrência reclama
A proprietária da bomboniere vizinha ao cinema, Edevanir Silva, deu entrada no Ministério Público contra a medida do Cineshow. “Eu estou aqui há dez anos e isso nunca aconteceu. Minhas vendas caíram 30% em relação ao ano passado. Eu tenho dito a meus clientes para não temerem o aviso e comprarem, pois a proibição é ilegal. Tenho receio de acabar tendo que fechar minha loja”, lamenta a comerciante.
O Ministério Público já enviou dois ofícios ao Cineshow recomendando que a proibição seja retirada e mantida a liberdade do cliente de comprar e consumir o que quiser e onde desejar. A decisão, segundo o gerente do cinema, está sendo cumprida, mas será revista. “Nós acatamos o que nos orientou o Ministério Público e não estamos proibindo a entrada de outros produtos, a não ser aqueles que ameacem a segurança do cliente. Mas continuamos a pensar que isso prejudica a higiene da casa e causa transtornos ao consumidor”.
Fã de cinema, Cláudia Vasconcellos, que esperava pela sessão segurando um pacote de pipocas comprado na bomboniere do Cineshow, ponderou: “Acho que há espaço para todo mundo. A livre concorrência é saudável e faz bem ao comércio”.
quinta-feira, 27 de março de 2008
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