segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

CARNAVAL 2008 - COBERTURA COMPLETA DOS DESFILES

Escolas de Samba encantam Nova Friburgo - FOTOS GERSON GONÇALO

Cerca de 15 mil pessoas – dados da PM – foram à Avenida Alberto Braune, no domingo, assistir às Escolas de Samba de Nova Friburgo. Apesar da chuva e do aperta-aperta nas arquibancadas, ninguém quis ficar em casa na noite do desfile das agremiações friburguenses. Gritos do público ovacionaram os passistas e componentes da Acadêmicos do Prado, Vilage no Samba, Imperatriz de Olaria, Unidos da Saudade e Alunos do Samba.

A noite foi cheia de surpresas. Houve manobras de carros alegóricos, desviando dos postes de iluminação (Imperatriz), passistas desfilando da calçada (Alunos do Samba), enredo abstrato, difícil de entender (Saudade), queda de destaques (Vilage) e muita reza para se livrar da má sorte (Prado). Teve beleza, dor e alegria, teve muito carnaval.

Acadêmicos do Prado foi a primeira a desfilar

Prado se livra de estigma

A escola caçula do carnaval friburguense, Acadêmicos do Prado, desfilou ontem para espantar os fantasmas do ano passado, quando a agremiação foi desclassificada antes mesmo de entrar na avenida por apresentar carros alegóricos e fantasias que não condiziam com as regras da Liga das Escolas.

O carnavalesco Alfredo Fraga usou o tema Saúde para resgatar a imagem do Prado. O enredo, que foi concebido pelo presidente da escola, Hugo Reis, levou à avenida esportistas, médicos e internos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), que são vizinhos de porta da agremiação. As alas representavam os benefícios do esporte e a destruição causada pelas drogas.

Alfredo saudava o público e apontava para o desfile, orgulhoso do próprio trabalho. “A escola entra para se livrar da mancha de carnavais passados. Está tudo perfeito, nada deu errado. O pessoal do Prado pode se tranqüilizar. Estamos fazendo bonito”, elogiou o carnavalesco, que orientava a comissão de frente.

Vilage mostra enredo Decifra-me ou te devoro

Vilage em busca do título perdido

Como é de costume, a verde e branco fez um desfile nos mínimos detalhes, aos moldes do enredo da escola, que passeou pelos algarismos e a história da matemática. Apesar de quase perder pontos por entrar no limite do tempo na avenida, a Vilage, debaixo de chuva, desfilou beleza e harmonia na Alberto Braune.

Comemorando 60 anos de avenida, a maior vencedora do carnaval de Nova Friburgo, com 21 títulos, quer vingar o ano passado. “Este ano ninguém tira a nossa vitória. Perdemos não sei como em 2007, mas agora esse campeonato é da Vilage”, profetizou Marcelo Cintra, presidente da agremiação, emocionado com o desfile.

A nota triste do passeio matemático da verde e branco na avenida ficou por conta da queda de um destaque do segundo carro alegórico da escola. O rapaz, ainda não identificado, foi imediatamente levado ao hospital Raul Sertã e, segundo os bombeiros que o socorreram, ele estava consciente e com ferimentos leves.

Imperatriz aposta em Dom João VI para vencer

Imperatriz levanta a avenida

Olaria invadiu a Alberto Braune e fez todo mundo cantar os 200 anos da vinda de Dom João VI ao Brasil. O enredo descreveu o caminho do rei de Portugal, que fugiu da terra natal e da guerra com Napoleão para chegar à colônia brasileira e fundar, por decreto, a cidade de Nova Friburgo.

A bateria do mestre Fred foi um show à parte. Com as famosas ‘paradinhas’ e evoluções dos ritmistas, que iam até o chão e voltavam retomando a batida, o som dos tambores e reco-recos levantou a multidão. Gritos de bicampeã ecoaram forte ao fim do desfile.

A porta-bandeira Andréia, que chegou exausta à dispersão, comemorou com dor e lágrimas nos olhos o sucesso da sua apresentação. “Estamos defendendo o título do ano passado. Apesar de tudo que falaram, das críticas que fizeram, estamos aí, mais favoritos do que nunca, graças a Deus”, exclamou a passista, que se referiu ao incidente com um carro alegórico em 2007, que matou um destaque da escola e deixou outro ferido.

Saudade saúda o público em busca do bi

Saudade curva-se ao tempo

Quando a quarta escola a desfilar apontou na avenida, o público se levantou e aplaudiu de pé. Era a Unidos da Saudade, representante do centro de Nova Friburgo e atual campeã, ao lado da Imperatriz. Centenas de bandeirinhas com as cores da agremiação foram distribuídas nas arquibancadas, emoldurando o desfile da roxo e branco.

O enredo, que tinha o Tempo como vedete principal, contou a aventura do homem na ciência, a busca pela imortalidade e os heróis e vilões que marcaram a trajetória da humanidade através das épocas. O “senhor de todas as lembranças” abriu o desfile, com a escultura gigante de um velho alquimista e seus relógios mágicos.

Leandro Barboza, carnavalesco da escola, sorria sem parar para o público. Á frente da escola, ele comandava a harmonia e regia os gritos da galera. Satisfeito com o andamento do desfile, Leandro elogiou o comportamento dos componentes da Saudade. “É uma honra participar deste espetáculo e ver tanta gente esforçada e comprometida com a escola. Estou muito orgulhoso”, afirmou o carnavalesco.

Alunão quer ser campeã de novo depois de jejum

Alunão desfila beleza e problemas

Muito funk, boi-bumbá e cultura popular brasileira deram o tom do desfile da Alunos do Samba. A escola de Conselheiro Paulino quis mostrar um povo feliz, que apesar da fome e da corrupção, canta e dança com alegria. Quem melhor representou o espírito do enredo foi a passista da ala das baianas, que precisou abandonar a fantasia, depois de cair duas vezes na avenida, e acompanhar a escola da calçada, dançando como se ainda estivesse no desfile.

O tema do enredo esteve presente também no fim da apresentação da Alunão. A escola teve sérios problemas de harmonia e deixou espaços entre uma ala e outra. O carnavalesco Roberto de Abreu criticou os membros da escola, que coordenavam as alas. “A incompetência de algumas pessoas da agremiação acabam prejudicando todo um trabalho. É uma pena. A Alunos do Samba não tem estrutura para um grande desfile”, reclamou Roberto.

Ernesto Carvalho, presidente da escola, também estava insatisfeito com os integrantes da harmonia, mas preferiu colocar panos quentes na discussão. “Realmente houve problemas, mas temos que seguir em frente. O carnavalesco está nervoso, depois tudo se acalma. Temos que aprender com os erros”, contemporizou Ernesto, que quase foi à loucura durante o desfile, com os problemas da escola.

Imperatriz favorita

O público que compareceu à Alberto Braune elegeu a favorita da noite. “A Imperatriz estava linda, merece ganhar”, disse a dona de casa Marisa Fernandes. O torcedor da Unidos da Saudade ficou satisfeito com a escola do coração, mas apontou a agremiação de Olaria como destaque. “Realmente eles encantaram. A bateria, com as paradinhas, deu um show”, elogiou Edivar Macedo. Pela animação da arquibancada ao final do desfile da vermelho e branco, o favoritismo da escola não é à toa.

A apuração dos desfiles de domingo acontece nesta quarta-feira, no estádio do Nova Friburgo Futebol Clube, no centro da cidade, às 14h.

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