quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

ENTREVISTA: SANDRO GRIPP FALA DE POLÍTICA

No ano em que os olhos da nação estão voltados para o espetáculo midiático e político das eleições municipais e os candidatos às cadeiras executivas e legislativas tecem alianças, Nova Friburgo vive a expectativa de um novo governo, já que o atual não pode mais pretender a reeleição. O sociólogo e professor universitário, Sandro Gripp, faz uma análise do cenário político friburguense e comenta sobre temas sensíveis como infra-estrutura e turismo. Em entrevista ao OLHAR PÚBLICO, Sandro afirma que estamos vivendo um momento de transição, no qual o ‘político-político’, aquele que age em função do voto, está ficando ultrapassado pelo compromisso com o planejamento.

Olhar Público - Sandro, como foi a sua passagem pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura? Quais ações foram tomadas durante a sua administração?
Sandro - Ao entrar na secretaria, busquei, mesmo com uma equipe reduzida e nenhum recurso, desenvolver o melhor trabalho possível, pois entendo que o grande desafio de Nova Friburgo para o futuro está na capacidade de planejamento de nossa infra-estrutura (habitação, vias de acesso e meio ambiente) e no desenvolvimento econômico. Com a parceria de diversos atores locais, regionais, como o deputado federal Jorge Bittar, foi possível a realização de alguns projetos e a concepção de outros tantos. Posso citar a Escola Técnica Federal (CEFET); a integração da FONF (Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo) com a UFF (Universidade Federal Fluminense); a redução do IPI para fechaduras e cadeados; a EMBRAPA; a isenção de IPTU para o condomínio industrial; o convênio de crédito para os empreendedores de nossa cidade e iniciamos projetos para prospecção de negócios junto ao COMPERJ e realização de uma Rede de Instituições de Ensino Superior (REUNE) para fortalecer e ampliar o espaço das Universidades em nossa cidade. Acredito que não foi pouco para oito meses.

OP - A que você atribui a sua exoneração do cargo de secretário?
Sandro - Olha, isso você deve perguntar a chefe do executivo municipal.

A instalação do CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) em Nova Friburgo tem como função o desenvolvimento tecnológico da região serrana. A escola técnica da cidade é a terceira do Estado. Como você avalia, sendo um dos idealizadores do projeto, o impacto da escola no desenvolvimento econômico de Nova Friburgo?
A Escola Técnica Federal forma jovens técnicos de nível médio e universitário e de forma gratuita. Permite a possibilidade de parceria com a rede pública de ensino para que jovens em situação de risco social possam aprender uma profissão e terem uma colocação no mercado de trabalho. E faz tudo isso com grande qualidade, possibilitando a melhoria na produção e produtividade da empresa.

O turismo em Nova Friburgo não anda às mil maravilhas. A maratona de turismo realizada pela Prefeitura no ano passado não surtiu grandes efeitos. Você acredita que o Centro de Convenções é a solução para todos os problemas?
Permita discordar um pouco, a Maratona foi um marco para o turismo da cidade, pois aproximou o cidadão ao tema do turismo. E eu digo que o setor tem mais virtudes que problemas, e muitos dos problemas estão relacionados à infra-estrutura (estradas, conservação de logradouros e ocupação desordenada do solo). Ao assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, estabeleci como prioridade trabalhar o conjunto de nossa cadeia produtiva por entender que nosso desenvolvimento está na diversidade e riqueza de nossa economia. No turismo, estamos tendo a satisfação de poder contribuir com dois batalhadores do setor em Nova Friburgo, a Secretária de Turismo, Cristina Bravo e o presidente do Nova Friburgo Convention Bureau, José Alexandre. O setor está organizado, tem projetos, um plano que acabou de passar por revisão, portanto acredito que os empreendedores do turismo estão construindo bases sólidas para o futuro. Por acreditar nisso que participei, em conjunto com José Alexandre e Cristina Bravo, da organização de uma reunião do deputado federal Jorge Bittar e do deputado estadual Olney Botelho com os representantes do setor em nossa cidade. Deste encontro já podemos apontar como resultado prático a Maratona do Turismo, um sucesso absoluto que se tornou referência nacional. Além disso, temos as emendas do deputado Bittar para a construção da Casa do Turismo e para o tão sonhado Centro de Convenções, que com a articulação do deputado estadual Olney Botelho está tendo a atenção do Governador do Estado, Sérgio Cabral.

Sandro, a sua ligação com o deputado federal Jorge Bittar é muito próxima. Como esse intercâmbio entre vocês pode beneficiar a cidade?
Como apontei anteriormente, várias ações estão sendo realizadas em prol de Nova Friburgo e região pelo deputado federal Jorge Bittar. Podemos dizer que Nova Friburgo elegeu um deputado federal e agora com o escritório de representação regional inaugurado em janeiro deste ano essa relação ficará ainda mais intensa.

O ano de 2008 será marcado pelas eleições municipais. As suas impressões sobre o cenário político da cidade são boas?
Nós precisamos trabalhar pela eleição de um gestor público, ou seja, alguém que tenha a capacidade de trabalhar em equipe, empreender, planejar e acima de tudo saber conjugar o trabalho técnico com o político. Nós estamos assistindo no mundo à passagem de um momento histórico no qual o “político-político”, aquele que pensa e executa suas ações olhando apenas para a próxima eleição, está ficando ultrapassado. Espero que Nova Friburgo sepulte essa espécie. O município precisa de planejamento, nunca tivemos tantos investimentos em nossa cidade por parte do governo federal, temos o Complexo Petroquímico aqui do lado e o município não está se preparando da forma devida. Rogo para que em 2009 iniciemos uma nova etapa.

Em pesquisa divulgada pelo Jornal da Globo, que apontou a confiabilidade das instituições, a mídia apareceu como a mais confiável, segundo os votos da população brasileira. O governo ficou em último lugar. Podemos afirmar que a imprensa é realmente mais digna de confiança do que o Estado?
Uma pergunta interessante, principalmente pelo fato de que quando um veículo de comunicação aponta irregularidades na gestão pública (algumas vezes sem a devida apuração) ele está apenas cumprindo seu dever “democrático” e quando o gestor público cobra explicações da imprensa, por alguns desvios éticos, a isso se chama censura. Enquanto a discussão ficar neste nível não iremos avançar; uma democracia só é alcançada de fato quando se tem liberdade de reunião, de expressão e organização, mas quando existe uma concentração absurda de poder na mão de poucos veículos de comunicação é o caso de perguntarmos se ainda continua existindo a liberdade de expressão. Portanto, devemos ter cuidado e perceber que desvios éticos existem, infelizmente, nos diversos níveis de relação, seja público ou privado, e devem ser combatidos severamente.

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